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Tréllez segue passos do pai e mira títulos para fincar raízes no Inter

  • Writer: entrelinhascolorad
    entrelinhascolorad
  • Feb 10, 2019
  • 5 min read

Santiago Tréllez precisa apenas de alguns movimentos ágeis em seu smartphone, ao alcance das mãos, para se conectar com o país natal. Na instantaneidade de uma chamada de vídeo, o colombiano encontra na resenha com o pai, John Jairo, toda a inspiração e o incentivo de que precisa para enfim fincar raízes em solo gaúcho com a camisa do Inter.

A missão é emblemática para um legítimo andarilho do futebol. Aos 29 anos, Tréllez já rodou por 13 clubes desde jovem, com um currículo digno de quem não se acomoda no conforto. Foi justamente a aversão ao comodismo da reserva que o fez trocar o São Paulo pelo Colorado.

A Libertadores fez brilhar os olhos do centroavante, obstinado por deixar tudo de si em campo para ajudar os companheiros e, claro, por balançar as redes. Neste domingo, às 17h, Tréllez persegue o primeiro gol pelo Inter contra o Juventude, pela 6ª rodada do Gauchão.

E logo no Alfredo Jaconi que já foi casa de seu pai. Atacante e goleador, John Jairo Tréllez marcou época não só no Atlético Nacional e na seleção colombiana, mas no Juventude, que defendeu entre 1995 e 1996.

O colombiano recebeu a reportagem do GloboEsporte.com no CT do Parque Gigante para uma entrevista após o treino da última sexta-feira. Em português fluente de quem peregrina no futebol brasileiro desde cedo e lê Paulo Coelho, o colombiano falou sobre a relação com o pai, a amizade com James Rodríguez e os planos de brilhar com títulos pelo Inter.

Confira trechos da entrevista

GloboEsporte.com: Você já passou por 13 clubes na carreira. Mostra que você é inquieto, sempre em busca de melhorar?

Tréllez: Sim, na verdade, às vezes tomei decisão porque não encontrava espaço onde eu estava. Não sou um jogador que me acostumo a ficar no banco por muito tempo. Se vejo que não tenho oportunidade de mostrar o meu futebol, por coisas do treinador ou outras coisas que não consigo jogar muito, tento sair para outro lugar. Procurar algo melhor, jogar mais. Sei que às vezes tomei esse decisão muito rápido, talvez não deveria ter saído tão rápido. Era jovem.

No Inter você deve ter mais oportunidades, com calendário cheio, Copa do Brasil, Libertadores... Passa por aí essa vinda para o Inter?

Estou muito contente em vir pra cá. Lá em São Paulo, estava bem, gostava da cidade, dos meus companheiros. Mas não gosto de me acostumar com as coisas fáceis. Tinha mais três anos de contrato, poderia ficar de boa, tranquilo. Gosto de evoluir. Vir para Porto Alegre foi um bom desafio tanto profissional como pessoal. Estou contente aqui no clube. Meu pensamento é ficar mais tempo aqui. Que no final do ano, o Inter possa fazer a opção de compra.

Você é um "andarilho" no futebol. Ideia, então, é fincar raízes aqui?

Já andei bastante. Penso as coisas com mais calma. Espero fazer um bom ano aqui. Temos um grande time para brigar por títulos aqui. Logicamente, conseguindo isso, gostaria de ficar mais anos aqui. Mostrar meu futebol aqui para ficar mais tempo aqui.

"Vir para Porto Alegre foi um bom desafio tanto profissional como pessoal. Estou contente aqui no clube. Meu pensamento é ficar mais tempo aqui. Que no final do ano, o Inter possa fazer a opção de compra"

Esse ano a briga promete ser boa no ataque do Inter. Tem o Pottker, Pedro Lucas, Sobis, Guerrero. Como você vê essa concorrência no ataque?

A concorrência é muita boa para o time. Vamos ter muitos jogos. É difícil um ou dois jogadores jogarem todos jogos. O treinador vai precisar de todos. Time grande precisa de três, quatro atacantes de qualidade para brigar por coisas importantes. Vejo como um desafio bom. A decisão é do treinador. Mas acho que a concorrência vai elevar o nível de cada um. Ninguém tem o lugar assegurado.

O Guerrero só vai estrear em abril. Acha que esse tempo até a estreia dele pode ser um diferencial para você se firmar?

Agora que tenho a oportunidade de jogar, tenho que aproveitar o máximo. Todos sabem que o Guerrero é um jogador de qualidade em nível mundial. Os meus companheiros também, têm que aproveitar o máximo. Sempre no dia a dia, tento dar o meu máximo, como nos jogos, para ter a oportunidade de jogar.

O Inter pode acabar enfrentando seu ex-clube, da sua cidade, o Independiente Medellín, na Libertadores. Tem torcida por eles?

Todo mundo sabe que sou torcedor do (Atlético) Nacional, tenho carinho pelo Medellín. No momento, gostaria que passasse o Independiente Medellín ou o São Paulo. Por mais que seja meu ex-time, gostaria de jogar contra eles.

Tem um cara que ficou feliz da vida com a sua vinda para cá: Neilton. Como foi o reencontro?

A gente se dá muito bem. Quando estava tomando a decisão de vir pra cá, falei várias vezes com ele. Falou que ficaria feliz se eu viesse, que ia gostar do clube, da cidade. A verdade é que estou gostando muito. Nos damos muito bem. O "baixola". Nos damos bem fora do campo. É bem importante isso. Com o Neilton tenho uma afinidade muito grande.

Contra o Brasil-Pel você chutou uma bola no ângulo, e o goleiro fez um milagre. Está ansioso para marcar seu primeiro gol pelo Inter?

(Risos) Sim, lógico. O atacante sempre vai sentir falta dos gols. Por mais que você ajude o time na parte tática, no desenvolvimento do jogo, a gente gosta de fazer gols, a gente é cobrado para fazer gols. Também não é hora de cair na pressão de "fazer, fazer, fazer". Logicamente quero fazer gols logo. Espero que no domingo, se eu sair jogando ou entrar no segundo tempo, possa marcar pelo Inter.

Neste domingo, o Inter enfrenta o juventude. Fazer seu primeiro gol no ex-time do seu pai aqui no Sul seria especial?

Sim, seria bom. Por ser o time onde jogou meu pai. Falo bastante com ele. Se sentiu muito bem lá. Seria especial, uma história linda onde meu pai jogou. Seria bonito. Logicamente, porque quero fazer um gol rápido.

Fala um pouquinho do teu pai... Ele tinha estilo, né? 1,90m, cabelão, fazia gols...

Meu pai foi um jogador da história da Colômbia, às vezes, as lesões não ajudaram muito a ter sucesso na carreira. O pouco que eu via, tinha habilidade. Era canhoto, é difícil achar um canhoto ruim (risos). Ele era habilidoso, cabeceava bem, fora da área também. Tem uma bonita história lá. Foi artilheiro no Atlético Nacional.

Do seu pai, você também herdou uma amizade com o James Rodríguez?

Os dois pais jogaram juntos. O James, desde pequeno, temos uma amizade muito grande, seleção de base. Somos bem amigos.

Sei que vocês jogam FIFA juntos. Quem ganha?

Rola, rola bastante. Já quebramos vários controles, tanto ele quanto eu. Às vezes ele me ganha, outras eu ganho, é uma disputa bem boa.

Você esteve no Flamengo. Como você se sentiu ao ver a tragédia no Ninho do Urubu?

Sim, quando cheguei em 2007 no Flamengo, morei um mês, dois meses no Ninho do Urubu. Bem triste isso. Quando vi a notícia que aconteceu, lembrei quando estive lá. Eram meninos que queria realizar seus sonhos, ser jogador de futebol. É uma dor. Todos os atletas são bem identificados com isso. Passamos por esses momentos. Eu que tive a oportunidade de chegar ao Flamengo, conhecer tudo lá. Muitos passaram por lá, outros em clubes a nível mundial. Sabemos a luta para chegar no profissional. É triste a forma como aconteceu as coisas.

Você fala bem português. Chegou a estudar aqui?

Quando cheguei ao Flamengo, aprendi bem rápido. Tinha um amigo uruguaio, ele tinha uma namorada do Rio, a gente passava muito tempo com a família dele. Eu chamo até hoje como a minha "segunda mãe". Um mês e meio já comecei a entender, desenvolver. Tenho essa facilidade para aprender. Hoje em dia gosto de ler muito, tanto em espanhol quanto em português. Gosto de ler Paulo Coelho.

Por Eduardo Deconto — Porto Alegre

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