Rodrigo Lindoso molda estilo com mais "pegada" para deslanchar no Inter e avisa: "Só
- entrelinhascolorad
- May 16, 2019
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Aos 29 anos, Rodrigo Lindoso teve paciência e soube esperar até ganhar sua oportunidade no Inter. E mais do que isso. O maranhense radicado no Rio de Janeiro precisou se reinventar, com um estilo de "maior pegada" para encaixar no futebol gaúcho. A "prova de fogo" para o novo estilo, mais aguerrido, veio em solo argentino.
No místico Monumental de Nuñez, o volante foi titular no empate em 2 a 2 com o River Plate, pela Libertadores. Ali, ele não só aprovou, como fez uma partida sólida para se afirmar de vez com a camisa colorada após cinco meses no clube.
São cinco meses muito legais que estou vivendo. Em termos de competição e jogo, é só o começo.
A partida em solo portenho serviu ainda para deixá-lo com "casca" para a responsabilidade que encara de peito aberto no Inter: substituir o capitão Rodrigo Dourado, desfalque devido a dores no joelho esquerdo. Lindoso será titular pela quarta partida consecutiva neste domingo, às 16h, contra o CSA, no Beira-Rio, pela 5ª rodada do Brasileirão.
Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com e RBS TV, o volante vibrou com a sequência, a sua maior desde que chegou ao Inter. E adotou discurso ambicioso. Ele acredita que pode render muito mais. Por exemplo: quer retomar a veia artilheira dos tempos de Botafogo. Do Fogão, ainda leva a experiência de ter superado o Nacional-URU nas oitavas de final da Libertadores, em 2017. Agora, quer repetir a dose contra o rival, novamente nesta fase da competição continental.
Confira a entrevista:
GloboEsporte.com Como foram os primeiros meses de Inter?
Lindoso – (O Inter joga) um futebol um pouco diferente do último clube que estava, pela questão da competitividade, pegada. Adaptação muito boa, tem jogadores com quem já joguei aqui em outras equipes. Outros que joguei contra. No mundo do futebol, sempre temos esse respeito pelos jogadores. Isso facilita adaptação. São cinco meses muito legais que estou vivendo. Em termos de competição e jogo, é só o começo. Agora tem uma decisão de oitavas da Copa do Brasil. Mas acho que um bom início de temporada.

A adaptação ao clube gaúcho foi difícil?
Acho que hoje em dia, tem que ter a pegada na marcação, claro que tem a parte técnica, jogando também. Futebol moderno não exige só marcação, precisa ter uma boa saída, boa técnica em geral. Me considero até mais técnico do que marcador. Mas claro que precisamos nos readaptar. No início da minha chegada, quando tive as conversas com pessoas do clube, o treinador, abriu minha cabeça pra acelerar a adaptação. Estou dentro do processo, mas quero sempre melhorar.
Percebe mudanças no jeito de jogar?
Sem dúvidas, mudou sim. O futebol do Sul, a pegada é mais forte do que outros estados do Brasil. Não que eu não goste de marcar, mas precisamos dar algo a mais sempre, melhorar o que não é o ponte forte, ajustar o que não tenho de melhor.
Como foi a prova de fogo contra o River Plate?
É uma prova de fogo. Tem toda atmosfera, toda história por trás do estádio, clube, atual campeão. Era um jogo diferente, tivemos jogadores poupados. Foi um jogo que teve o respeito da nossa equipe, um clube gigantesco. Os outros clubes vão ver a gente diferente. Todos sabem da dificuldade que é jogar lá. Foi uma grande prova de fogo pra seguir durante o ano.
Substituir Rodrigo Dourado gera peso maior?
Responsabilidade grande. Sabemos o que o Dourado representa aqui no clube. Procuro fazer o meu, estar à disposição quando o professor Odair precisar. É uma sequência boa. Já falei outras vezes em relação a jogar de titular, claro que não quero que ninguém se machuque. Queremos uma disputa sadia. Todos fazem falta. Esse lance de ter um jogar fora, entrar e manter o padrão do time, é isso que a gente quer.
Qual função em que se sente mais à vontade?
Vou ser bem sincero. Nos últimos anos, tenho jogado mais onde estou jogando atualmente, de primeiro. Mas no segundo semestre do ano passado, joguei de segundo. Tem seus dois lados. Jogar de segundo, você está mais próximo do gol, acabei como artilheiro da minha equipe. De primeiro você fica mais distante. O importante é estar atuando, ajudando a equipe. Se precisar de mim, estou bem.
Inter é o time com mais roubadas no Brasileiro. E você parece já ter se adaptado bem a isso...
É um mérito de quem treina a gente, no caso o nosso treinador. Também dos nossos atletas, eu e meus companheiros, entender a filosofia. Se observar, nossa marcação é muito forte. Em muitos jogos, fizemos poucas faltas. Mostra nosso nível de competitividade em termos de marcação. Se não me engano o Zeca é quem mais rouba bola. No último jogo, roubei bastante. No geral, estamos bem. Acho que isso é fruto do nosso treinador e de nós jogadores, que executamos.
Pegada de Libertadores: qual a diferença?
Ah, vocês sabem da pegada da Libertadores, argentinos, uruguaios são considerados os mais raçudos, marcação sempre forte. Em geral, é um nível muito alto de competitividade. Às vezes, nem é um jogo tão bonito, mas é marcação alta, pouco espaço. No jogo contra o River era quase impossível jogar no meio, precisava de um raciocínio muito rápido. Isso só aumenta até a final.
E o duelo com o Nacional nas oitavas?
Precisamos respeitar a equipe, dois anos que passaram. Todo respeito do mundo, mas queremos passar. Vivemos um bom momento na Libertadores. Vocês viram nossa campanha. Claro que queremos ganhar. É tudo novo, tenho a situação particular. Mas é uma história nova e esperamos ter sucesso.
Como foi jogar lá contra o Nacional (pelo Botafogo)?
Era um dia muito frio, chuvoso, vestiário muito pequeno. Até pelo padrão de Libertadores, não eram condições apropriadas, por ser um jogo de oitavas. Mas uma atmosfera muito boa, estádio cheio. Para a minha parte, foi tudo perfeito, saímos com a vitória (pelo Botafogo, em 2017). É uma pressão muito grande lá. Já tivemos essa prova de fogo contra o River. Não que vá ser fácil, mas estamos preparados.
"É uma pressão muito grande lá no Uruguai).
Já tivemos essa prova de fogo contra o River.
Não que vá ser fácil, mas estamos preparados".
Acha que é "outra" competição nos mata-matas?
Sem dúvida. Libertadores é outra atmosfera. São dois campeonatos (fase de grupos e mata-mata). Claro que precisa passar primeiro por um. Vimos o futebol europeu, o que aconteceu na Champions, favoritos perdendo jogos inacreditáveis. Atenção sempre redobrada. Vai ser assim. É o que a gente imagina.
Como projeta a sequência até a parada da Copa América?
Vinha jogando pouco, queremos jogar sempre. Mas são só 11. Ficam de fora mais de 20. Isso sempre vai existir no futebol. Procuro trabalhar sempre pra estar jogando. Em relação aos jogos, a gente passou por quatro jogos difíceis, a gente fez quase todos jogos bons, perdemos em São Paulo, mas não merecíamos a derrota.
Agora temos uma semana cheia só até a parada da Copa América. Tem Copa do Brasil, Brasileirão. Vai ser boa essa semana pra recuperar alguns jogadores lesionados, descanso também. Temos feito viagens longas, temos que descansar, vamos fazer outra viagem longa daqui duas semanas. Calendário brasileiro, futebol, mas a gente ama fazer isso. Se preparar bem e ir bem pra esses jogos.
"Precisamos nos readaptar. No início da minha chegada,
quando tive as conversas com pessoas do clube, o treinador,
abriu minha cabeça pra acelerar a adaptação. Estou dentro do processo"
Esse maranhense está virando gaúcho?
Costumo falar, como joguei muito tempo no Rio de Janeiro, que sou radicado lá, são quase 12 anos vivendo lá. Praticamente metade da vida, tenho residência fixa, muitos amigos. Agora tem sempre essa brincadeira que sou gaúcho. Não tenho problema, fico à vontade.

Era "artilheiro" no Botafogo. Se cobra pelo primeiro gol no Inter?
Teve um lance contra o River, fui tentar fazer um passe pro Nonato, o Edenílson me cobrou dizendo para chutar para o gol. No momento, achei que não dava pra fazer isso. Sem dúvidas, me cobro. Cobrança tranquila, pode se dizer que a obrigação minha não é fazer gol, até pela posição. Por todas equipes que passei, fiz gol. Não fico colocando essa pressão. Vai acontecer naturalmente.
"Futebol do Sul, a pegada é mais forte do que outros estados do Brasil.
Não que eu não goste de marcar, mas precisamos dar algo a mais sempre"
Fez 100 jogos pelo Botafogo. Quer repetir no Inter?
Sem dúvidas. Fiz uma história maneira lá, com muitos amigos, conheço bem o clube, mais de três anos lá. Espero, sim. Todo o lugar a que chego, quero ter esse tempo de clube, mostrar a dedicação que tenho, valorizar meu trabalho. Sem dúvida espero ficar mais tempo aqui do que tenho de contrato.
Fotos Ricardo Duarte
Fonte Globoesporte.com
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