Senhor Copa América: maior artilheiro em atividade, Guerrero comanda sonho do Peru

Paolo Guerrero pisará o gramado da Arena do Grêmio, neste sábado, às 16h, com a braçadeira de capitão da seleção peruana para a estreia no Grupo A da Copa América, contra a Venezuela. Símbolo de liderança, a faixa afixada em seu braço direito impõe respeito e até certa autoridade. Mas soa até pouco, quase nada, perto da responsabilidade e do emblema que o centroavante carregará às costas a cada partida, junto ao número 9 habitual. Afinal, já é histórico: trata-se do jogador em atividade com mais gols na competição.

Paolo Guerrero é um "senhor Copa América". Vai para seu quinto torneio e tem 11 gols em 19 jogos – Messi tem oito, enquanto Suárez tem seis. Já o chileno Vargas tem 10, sendo o segundo com mais gols em atividade.

Ainda está perto de entrar no top 10 da história da competição e a seis de se tornar o maior de todos confira abaixo). Tratado como o principal jogador da seleção, é tratado como “insubstituível”.

Guerrero tem se mostrado insubstituível. Não vamos encontrar outro goleador com a potência dele. Sofremos bastante no período que ele esteve suspenso por doping. Com ele, o sistema de jogo da seleção funciona muito melhor – afirma o jornalista Jorge Cuba, correspondente do jornal Ovación no Brasil para a Copa América.

Artilheiros da Copa América

17 gols - Norberto Méndes e Zizinho

15 gols - Severino Varela e Teodoro Fernándes

13 gols - Batistuta, José Manuel Moreno, Scarone, Ademir de Menezes e Jair

12 gols - Roberto Porta e Ángel Romano

11 gols - Guerrero, Didi, Masantonio e Ugarte

10 gols - Vargas, Ronaldo, Pedro Petrone, Ambrois, Héctor Castro, Iguarán, Oscar Gómes Sanchez, Labruna e Hormazábal

Estrela de uma geração

O atacante de 35 anos do Inter é a estrela de uma geração que fez história no país natal ao conduzir o Peru a uma Copa do Mundo após 30 anos. E que faz uma nação se permitir ao menos sonhar com a conquista do tri da Copa América, mais de 40 anos após o último título, em 1975. Um sonho alimentado pela esperança e a confiança no faro artilheiro de seu camisa 9.

A competição que conhece tão bem ainda serve para o peruano viver uma espécie de acerto de contas com o passado. Ou ao menos atenuar a dor de não ter vivenciado uma Copa do Mundo tão simbólica para seu país como gostaria.Em 2018, Guerrero conseguiu efeito suspensivo para uma por doping apenas meses antes do Mundial da Rússia. Assim, chegou a solo russo em condições bem abaixo das ideais.

O drama com o período afastado dos gramados o fez vivenciar a Copa com o corpo, mas não com a alma. Ou melhor, com um sentimento condensado por ele em um um desabafo em entrevista recente ao Esporte Espetacular:

O sonho do meu país era classificar para a Copa. E eu tive esse castigo que foi muito injusto. Me tiraram da Copa, porque para mim, eu não joguei a Copa. Não joguei porque com dez dias de preparação eu estava treinando sozinho num parque. Jogadores europeus, a maioria dos jogadores jogava na Europa, chegaram com 70 jogos, eu chegava com três - disse Guerrero.

A frustração com a Copa do Mundo que mal jogou - foram três jogos, dois como titular e um gol - foi, aos poucos, soterrada pelo carinho que recebe de seus conterrâneos. Guerrero arrasta multidões aos gritos de “Paolo” não só em sua cidade natal, Lima, como ocorreu no retorno ao Peru a vitória do Inter por 1 a 0 sobre o Alianza Lima, pela Libertadores deste ano.

Em Buenos Aires, ocorreu o mesmo. A delegação colorada desembarcou na capital argentina para o empate em 2 a 2 com o River Plate quase sem alarde sobre D’Alessandro, prata da casa e estrela da partida. Guerrero, porém, viu 30 peruanos se acotovelarem e até caírem no chão na tentativa de vê-lo de perto.

Dentro de campo, o “carinho” será bem diferente neste sábado. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o técnico da Venezuela, Rafael Dudamel, afirmou que sua equipe fará o possível para evitar que a bola chegue ao peruano.

Reconhecemos a capacidade de Paolo, de fazer gols, aproveitar cada oportunidade dentro da área, claro que trabalhamos pra isso. Mas entendemos que é coletivo, buscar superar, evitar o máximo possível que não seja assistido pelos companheiros - diz Dudamel.

Estreia em casa (mas nem tanto)

Em Porto Alegre, Guerrero faz as vezes de anfitrião para os seus compatriotas. Não à toa: o astro está em casa, quase no sentido literal. A seleção peruana treinou duas vezes no CT do Parque Gigante, do Inter, tão conhecido pelo atacante.

Neste sábado, porém, o estádio não será lá tão hospitaleiro. Ao menos, pelas cores. Guerrero e a seleção peruana atuarão na Arena do Grêmio, casa de seu arquirrival em Porto Alegre.Sua única partida na casa gremista pelo Inter, aliás, desperta lembranças amargas. Guerrero teve de digerir o vice-campeonato gaúcho com derrota nos pênaltis para o Grêmio no início deste ano.

O peruano tenta virar esta página a partir das 16h deste sábado, quando o Peru enfrenta a Venezuela na estreia na Copa América. As duas equipes estão no Grupo A, ao lado de Brasil e Bolívia.

Gols de Guerrero na Copa América

2016

04/06: Peru 1 x 0 Haiti

2015

25/06: Peru 3 x 1 Bolívia (três gols de Guerrero)

03/07: Peru 2 x 0 Paraguai

2011

04/07: Peru 1 x 1 Uruguai

08/07: Peru 1 x 0 México

23/07: Peru 4 x 1 Venezuela (três gols de Guerrero)

2007

26/06: Peru 3 x 0 Uruguai

PERU X VENEZUELA - COPA AMÉRICA - 1ª RODADA

Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre.

Data e hora: sábado (15/06), às 16h (horário de Brasília).

Provável time da Venezuela: Fariñez; Rosales, Chancellor, Osorio e Villanueva; Moreno, Herrera, Rincón, Murillo e Savarino; Rondón.

Provável time do Peru: Gallese; Advíncula, Araujo, Abram e Trauco; Tapia, Yotún, Flores e Cueva; Farfán e Guerrero.

Arbitragem: Wilmar Roldán (COL) apita a partida, auxiliado por Alexander Guzmán (COL) e Jhon A. Léon (COL). O quarto árbitro será Carlos Oribe (EQU). Leodán González (URU) é o chefe da equipe de VAR, com Andrés Rojas (COL) e Christian Lescano (EQU) como auxiliares.

Foto: Diego Vara / Reuters

Fonte Globoesporte.com